A Gestão Interna: Como seu Corpo Administra Carboidratos, Gorduras e Proteínas

Como gerir os macronutrientes em uma dieta saudável.

11/23/20253 min read

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Imagine seu corpo como uma empresa complexa. Ele precisa de recursos (comida) para operar, e possui diferentes departamentos para gerenciar cada tipo de "ativo". Os três principais ativos são os macronutrientes: Carboidratos, Gorduras e Proteínas.

A forma como você abastece sua "empresa" interna determina sua performance, sua clareza mental e seu risco de falência (doença).

1. Carboidratos: O "Capital de Giro"

Os carboidratos são o combustível rápido, o "capital de giro" da sua biologia.

Seu cérebro, o CEO da operação, usa predominantemente este nutriente para funcionar. Para tomar decisões complexas, manter o foco em reuniões longas e processar informações, você precisa de um suprimento estável de glicose (a forma como o carboidrato circula).

O problema? O corpo tem uma capacidade de estoque de carboidratos muito limitada. Ele os armazena no fígado e nos músculos (como glicogênio) em um "tanque" pequeno, suficiente para talvez um dia de atividade.

Se você ingere mais carboidratos do que gasta (em atividade física ou mental), esse tanque transborda. E o corpo, sendo um gestor eficiente, não desperdiça: ele converte esse excesso de energia rápida em um estoque de longo prazo: gordura.

2. Gorduras: A "Reserva Estratégica"

As gorduras são o estoque de energia de longo prazo do corpo, nossa "reserva estratégica". Elas são essenciais para a sobrevivência, proteção de órgãos e produção de hormônios.

O problema surge quando, dia após dia, o tanque de carboidratos transborda. O corpo precisa guardar esse excesso em algum lugar. Quando os estoques "seguros" (gordura sob a pele) ficam cheios, ele começa a depositar gordura em locais indesejáveis: entre as vísceras (gordura visceral).

Este não é um estoque passivo. A gordura visceral é um órgão metabolicamente ativo. É uma "usina tóxica" que libera constantemente substâncias inflamatórias no seu sistema.

Essa inflamação crônica é a raiz silenciosa das doenças que mais tememos: doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, diversos tipos de cânceres e até doenças neurodegenerativas como o Alzheimer.

3. Proteínas: A "Infraestrutura"

As proteínas são os "tijolos" da sua empresa. Elas não são usadas primariamente como energia, mas sim para construir e reparar sua infraestrutura: músculos (seu motor metabólico), órgãos, enzimas e os neurotransmissores que regulam seu foco e humor.

Aqui reside um perigo sutil: uma nutrição errada pode deixá-lo catabólico.

Se você não come proteína suficiente, ou se faz dietas muito restritivas sem orientação, seu corpo ainda precisa de "tijolos" para funções vitais. Se ele não os encontra na sua dieta, ele os busca internamente. Ele começa a "canibalizar" sua própria infraestrutura – seus músculos – para sobreviver.

Você não apenas perde força, mas diminui seu metabolismo, tornando ainda mais fácil o acúmulo de gordura.

A Solução: Prevenção que Custa Menos

Gerenciar mal esses três ativos leva a um ciclo vicioso: excesso de carboidratos vira gordura tóxica, inflamação crônica e um estado catabólico que destrói seus músculos.

É por isso que uma "alimentação saudável" deve ser orientada não apenas às suas necessidades biológicas, mas também ao seu paladar. Uma dieta que você não consegue seguir não é uma estratégia, é uma fantasia.

A ideia geral é a prevenção de doenças que custam caro no futuro – não apenas em dinheiro, mas em performance, liberdade e, o mais importante, em anos de vida saudável (healthspan).

Ajustar sua nutrição hoje é o investimento com o maior ROI (Retorno sobre Investimento) que você pode fazer pela sua longevidade.

Dr. Gabriel Quintino Cardiologia e Clínica Médica CRM-RJ 96049-7 |